(ao som de Anthony and the Jonhsons)
Ao sétimo dia descansou. Abriu os olhos e vislumbrou o horizonte cinzento da solidão domingueira. Num autismo cada vez mais evidente desligou os telefones, atirou as chaves para um descampado ali perto, queimou os documentos, entregou todo o dinheiro, cartões e respectivos códigos ao arrumador das Forças Armadas e partiu. Partiu para o mais longe que se possa imaginar, mas ainda assim perto demais de tudo o que se queria afastar. Na realidade, todo o negrume existencial perseguia-o como se de uma doença se tratasse. Por mais que fugisse, se calasse, não emitisse opiniões, que se esquecesse dos que o sempre amaram, por mais que fizesse tábua-rasa de toda a sua mísera existência, o horizonte cinzento da solidão domingueira envolvia-o num tom brilhante de celofane. No seu íntimo, rasgar as radiais seria a única forma de aliviar essa dor que partia do seu peito numa irradiação periférica queimando cada cm cúbico da sua pele agora envelhecida. Sempre lhe faltou a coragem para se dissolver enquanto os pingos vermelhos, quentes e espessos pintariam o ambiente circundante em pinceladas impressionistas. Até ao dia em que a solidão domingueira e cinzenta amanheceu mais cinzenta e distante do amor que já há muito tinha deixado de sentir. Nesse dia lembrou-se que estaria um belo dia para viajar e envolveu-se numa tristeza ímpar que sentia desde que nasceu, despediu-se numa cobardia escrita e partiu para sempre.
Ao sétimo dia descansou. Abriu os olhos e vislumbrou o horizonte cinzento da solidão domingueira. Num autismo cada vez mais evidente desligou os telefones, atirou as chaves para um descampado ali perto, queimou os documentos, entregou todo o dinheiro, cartões e respectivos códigos ao arrumador das Forças Armadas e partiu. Partiu para o mais longe que se possa imaginar, mas ainda assim perto demais de tudo o que se queria afastar. Na realidade, todo o negrume existencial perseguia-o como se de uma doença se tratasse. Por mais que fugisse, se calasse, não emitisse opiniões, que se esquecesse dos que o sempre amaram, por mais que fizesse tábua-rasa de toda a sua mísera existência, o horizonte cinzento da solidão domingueira envolvia-o num tom brilhante de celofane. No seu íntimo, rasgar as radiais seria a única forma de aliviar essa dor que partia do seu peito numa irradiação periférica queimando cada cm cúbico da sua pele agora envelhecida. Sempre lhe faltou a coragem para se dissolver enquanto os pingos vermelhos, quentes e espessos pintariam o ambiente circundante em pinceladas impressionistas. Até ao dia em que a solidão domingueira e cinzenta amanheceu mais cinzenta e distante do amor que já há muito tinha deixado de sentir. Nesse dia lembrou-se que estaria um belo dia para viajar e envolveu-se numa tristeza ímpar que sentia desde que nasceu, despediu-se numa cobardia escrita e partiu para sempre.
Durante dois ou três meses foi chorado, durante dois ou três anos foi falado, ocasionalmente relembrado... Hoje passados vários anos não passa de uma memória longínqua nas memórias cinzentas de quem nunca o conheceu verdadeiramente.
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O amor incondicional só existe dos nossos pais e para os nossos filhos. Tudo o resto é pura fantasia. Na realidade, o amor incondicional só existe para os nossos filhos... Tudo o resto é pura fantasia. Quando, se apercebeu que nunca tinha sentido amor já era tarde de mais para crescer novamente. Aceitou a responsabilidade de não pertencer a este mundo e fugiu. Agarrou na mão do seu anjo negro e desapareceu para sempre da nossa clássica existência. Não passa de uma memória virtual que morreu com o seu criador.
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