domingo, 15 de novembro de 2009

I choose to forget.

Perco-me na linha do horizonte. Várias vezes me confrontei com esta defesa mágica que é o esquecimento. Consigo com destreza libertar-me de todas as memórias más. Deixam de existir. Mudo assim as vivências ao sabor da minha vontade. Na realidade a nossa memória é algo de muito pouco fiável. As nossas lembranças têm sempre, antes e depois, várias camadas arenosas que só as carregam de subjectividade. Cada vez que evocamos uma memória esta poderá ter diversas cores dependendo do nosso estado de espírito actual. Escolhi apagar-te da minha memória como se nunca tivesses existido. Cada vez que olho para as velhas fotos onde tu apareces não te reconheço. Relembro as minhas viagens pelo mundo islâmico e sei que me acompanhaste, embora a tua presença esteja desfocada e não passes de uma imagem abstracta na minha mente. Contigo as memórias boas e más misturaram-se de tal forma que foi de todo impossível filtrar o que deveria guardar. Os momentos negros de algumas intersecções nos nossos caminhos foram demasiado corrosivos para a nossa própria existência. Naquele dois de Março a tua existência para mim deixou de fazer sentido. Abandonaste tudo aquilo em que eu acreditava. E eu decidi esquecer-te. Por momentos pensei que tudo poderia ter sido diferente. Mas nesse par de anos que resisti as peças foram-se desmoronando e o puzzle perdendo a sua essência. Agora é que como se nunca nos tivéssemos conhecido. Vejo-te nas minhas fotos e não te reconheço não sei quem és e surpreendo-me por ter a tua presença constante ao meu lado.