domingo, 29 de outubro de 2017

Ensaio sobre a Cumplicidade.

Após quatro de pausa determinei-me a escrever novamente nestas páginas. Naturalmente que durante este período nunca suspendi a escrita. Este blogue é o paradigma de que tudo é imortal. Não existem fins. E, quando menos se espera, renasce-se das cinzas. Como já tinha referido, pensei em iniciar outro blogue. Mas confesso que tive preguiça. E na realidade o que interessa é o conteúdos das palavras que por aqui se vão debitando. Não estou certo acerca da assiduidade com que irei escrevendo. Nem se irei dar continuidade ao momento. Mas, agora, é só o que se me apraz. Apetece-me escrever. 

E reflicto sobre a cumplicidade entre dois seres humanos. O que é isso da cumplicidade? Será que ela existe?  Será que é possível existir?

Penso que sim, mas só depende da sintonia e do comprimento de onda que se compartilham. A cumplicidade implica um desnudamento total entre dois seres. Implica sinceridade, honestidade e transparência, como se de dois gémeos siameses se tratasse. A cumplicidade implica a comunicação não verbal. Em última instância, quase leitura de pensamento. Quando dois seres são cúmplices não há lugar para sentimentos negativos. A cumplicidade corresponde à união total e absoluta entre dois seres, uma fusão. 

Todas as pessoas que conheço que se amam verdadeiramente e para todo o sempre tem esse elemento em comum: a cumplicidade. Quando ela existe, e quando dois seres sentem que é genuína, as relações são infinitas. 

É difícil chegar a este ponto de união, e, muito provavelmente, pouquíssimas pessoas neste mundo o conseguirão. A maioria nunca. E porquê?

Para que tal aconteça, será necessário que duas pessoas totalmente puras se encontrem neste mundo aleatório. O que se torna uma roleta russa. Cada vez mais impera o egoísmo, o prazer fácil e a promoção da superficialidade. As pessoas preferem viver num mundo de fantasia onde as aparências são mais importantes do que a profundidade das relações. Colocam-se como prioridades e mantêm-se relações com base naquilo que é supérfluo. Na realidade nunca será uma verdadeira relação. Partilham-se vidas com estranhos, sem que disso haja consciência. Um verdadeiro Matrix.

A relação perfeita assenta na cumplicidade. O amor puro depende da cumplicidade. E essa é a única forma de relacionamento imortal.

Infelizmente, a sociedade actual vai perdendo a noção da ética, do respeito pelo próximo, do amor próprio e isso acaba por se reflectir no comportamento humano. 

No entanto, a Vida é uma aprendizagem, e estou consciente que a cumplicidade pode ser desenvolvida se dois seres assim o desejarem. Mas para isso, é condição sine qua non, que os dois sejam bem formados e com personalidades irrepreensíveis. Não pode haver lugar à obscuridade.

A cumplicidade é, talvez, o último reduto daquilo que ambicionamos numa relação eterna.