quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Desistências III



Há pessoas que entram na nossa vida da mesma maneira que saiem - num ápice - mesmo que os sentimentos sejam uma imensidão. Quando menos se espera, todo um passado recente se esfuma num nada... duas ou três nuvens cizentas que pairam uns momentos sobre nós até que desaparecerem completamente. Ficam as memórias, boas ou más. Tudo o que resta. Temos dificuldade em identificar o princípio do fim. Recordam-se umas palavras mais ásperas, uns tons de voz mais agressivos, uns olhares mais cáusticos e a percepção da desistência. Aos poucos vai-se esquecendo... os sentimentos vão arrefecendo, o amor feito hábito vai morrendo e a percepção da desistência torna-se mais clara. A imaginação cede perante a realidade... Os pequenos ciúmes característicos do amor possessivo deixam de fazer sentido. No início as lágrimas escorrem, o peito está apertado, o sentimento de perda aguçado, a infelicidade ácida deixa-nos a voz rouca...
É triste perder alguém. Mas a vida é feita de pequenas batalhas, pequenas desistências, muitas perdas... No entanto, a tristeza máxima é a percepção de se perder alguém que nunca se teve na realidade.

Desistências II