segunda-feira, 19 de março de 2018

O Não-Escritor

Estou longe de ser escritor. Aliás, seria uma presunção minha. A minha escrita está longe de ser perfeita, se é que existem escritas perfeitas. Considero-me assim um não-escritor. Escrevo, no entanto, com alguma irregularidade neste blog já há uns anitos. É uma escrita carregada de dor e angústia na maioria das vezes. E só por isso me recuso a ingerir algum tipo de psicofármaco que pudesse aliviar o meu sofrimento. Os inibidores da recaptação da serotonina são também inibidores do desenvolvimento da criatividade. O meu sofrimento só existe porque vivo a vida e os amores intensamente. E sobretudo as rupturas que intempestivamente me vão assolando à medida que envelheço. Confesso que me dou em demasia ao amor. Atiro-me de cabeça. E, não raras vezes, bato com eles no fundo da piscina. Alguém uma vez me disse que as mulheres gostam de bad boys, sempre achei um disparate, mas quando olho à minha volta verifico que muitas vezes, quanto mais distante são os homens mais algumas mulheres os bajulam e correm atrás deles como animais domésticos amestrados. É horrível este pensamento e esta constatação, mas só isso pode explicar o porquê de alguém que rompe uma relação com um enérgumeno que alegadamente a traiu decide manter o contacto mesmo quando a vida deveria ter continuado com outra pessoa. Só um exemplo de quão estúpido pode ser o ser humano, seja homem ou mulher, neste caso, mulher. Mas muitos mais exemplos poderia referir. Grande parte da mulheres deixam-se envolver pelos bad boys. E nós os escuteiros acabamos por ser violentados na nossa dádiva. De facto, um escuteiro é um idiota que se veste como uma criança, ou uma criança que se veste como um idiota. O pior mesmo é um escuteiro adulto com a síndrome do Peter Pan. Está o caldo entornado e é meio-caminho andando para ser estropiado nos seus sentimentos.
Mas voltando à questão da escrita, ela é tão somente um tubo de escape, uma forma de ir libertando a dor sob a forma de prosa. Claro, que no meu caso, apesar de publicamente o escrever num blog, o anonimato sob a forma de Mao Mao dá uma ajudinha à libertação intelectual e emocional. Não obstante, alguns amigos sabem da existência deste blogue e leem-no ocasionalmente. Também eles sabem que nem tudo o que escrevo se deve ler à letra. Porque sou um não-escritor e não domino a arte das palavras.
E de facto, este blogue torna-se cansativo porque muitas das vezes se resume na libertação da merda onde estou metido. E de facto, mais uma vez, i´m in deep shit. Perdi toda a esperança da felicidade e sobretudo porque parece que cometo muitos erros de casting. A minha tendência para me aproximar de quem me acaba por fazer mal é gigantesca. Mesmo afirmando o Amor. Bullshit, as pessoas quando amam verdadeiramente lutam contra tudo e contra todos. Inclusivé contra os seus próprios comportamentos escatológicos. Quem ama cuida. Quem ama não vira as costas. O grande problema, é que se usam palavras nobres como "amo-te" de uma forma leviana. Quando existe amor não há lugar para orgulho besta. E se insistirmos em mantê-lo então não passamos desses estatuto. 

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