terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Loves me. Loves me not. Loves me. Loves me not. Loves...

O mais difícil é sermos coerentes com aquilo que acreditamos. As palavras fluem e desaparecem no ar. São uma espécie de nevoeiro, uma espécie de pequena nuvem que se desfaz ao toque. E de facto o mais difícil é agirmos de acordo com aquilo que pensamos e dizemos. Isso sim, é uma prova. Podemos dizer, falar, escrever, pintar, filmar, fotografar, desenhar muita coisa e depois agir de forma diferente daquilo que defendemos. E eu até acredito que acreditamos. A coerência nas atitudes é talvez a maior prova de humanismo e amor que se pode dar. E sim, a presença no espírito de alguém, mantêm-o vivo para além das memórias terrenas. As pessoas podem estar longe vivendo e trabalhando a meia-dúzia de quilómetros. A vantagem de se viver numa cidade grande transforma-se por vez em desvantagem. À medida que nos vamos afastando do olhar também o coração parte na direcção oposta. Já senti as consequências da distância física. Uma pessoa não come, não dorme, não respira, acorda a meia da noite, sai das sessões de cinema a meio na ânsia de que o Skype esteja ligado. É curioso porque a necessidade tão grande que eu tinha de fazer chamadas internacionais era suplantada pelo respeito e pelo receio de ser possessivo, quando fui tudo menos possessivo. Quando alguém ama confia cegamente. Um amigo meu disse-me que ninguém, nem o próprio, pode ter cem por cento de confiança. Eu discordei. Loves me. Loves me not. Loves... E fica no ar a dúvida eterna.

Recordo aquela noite fria de Inverno, no à margem, a olhar a nossa ponte sobre o Tejo e a pensar em ti a pensar em mim. A lua cheia espreitava-me por cima do ombro. Desejei poder projectar-me e de repente viajar até Trastever, aquela cave perfumada de bellissima pasta. Ficam as memórias dos pensamentos das memórias. 


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