segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Born Deeply Inside Me

Faz amanhã 27 anos que te conheci. Nem um dia a mais nem um dia a menos. Nasceste sem avisares, frágil e desprotegida. Nasceste como uma flor tropical de tons esverdeados que me feriram a vista quando cruzámos os olhares. Faz amanhã 27 anos que entraste na minha vida sem que tu soubesses. No início ignorei-te numa defesa ultrapassada e bacoca. Acompanhei cada passo teu, as tuas primeiras palavras, as cuspidelas da papa Cerelac que teimavas em não engolir, as primeiras letras, as primeiras leituras, vi as tuas expressões faciais quando começaste a apreciar boa música, acompanhei-te quando terminaste o liceu, quando choravas emocionada no cinema, que tu tanto aprecias, quando entraste na faculdade, nos teus momentos de felicidade no final dos exames. Recordo-me como se fosse ontem a tua formatura, a tua benção das pastas, a tua ida para fora em Erasmus, as tuas viagens por essa Europa fora quando nos encontravamos por aí nesses aeroportos espalhados. Ainda hoje vejo o teu sorriso quando cheguei a Buenos Aires à tua procura. Lembro-me das tuas lágrimas de tristeza e alegria quando acabavas com os teus namorados, quando iniciavas uma nova relação. Senti a tua liberdade quando o teu olhar se perdia no horizonte na baía de Guanabara, quando te passeavas pelos canais de Veneza, quando alguém te seduzia em Roma e Verona. Vejo-te ao longe do bar, dançando aquela música quente, com refrões sem sentido, enquanto bebo aquela mistura de álcool e ervas aromáticas. Pensei em aproximar-me de ti, mas já alguém tinha tomado essa iniciativa. Faz amanhã 27 anos que te conheci e no entanto passei 24 a ganhar coragem para declarar o meu amor por ti. 

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