quinta-feira, 21 de junho de 2007

Light Darkness


Hoje acordei bem-disposto. 5 minutos antes do despertador do meu irritante telemóvel iniciar a sua tortura. Para amenizar o contrariado despertar coloquei a música do Animal dos Marretas a soletrar o manamana. Mas hoje acordei 5 minutos antes. Bem-disposto. Despachei-me num ápice. Cortei-me duas vezes a fazer a barba. Bebi um batido de chocolate belga acabadinho de fazer e... pão com passas... sim pão com passas. Cheguei ao Hospital num instante e começei a trabalhar com os galos em alvoroço. É bom quando tudo corre bem. À tarde continuei a minha saga profissional. 2 doentes desmarcaram. 1 faltou. Mais cedo em casa portanto. No caminho ouvi "The Police - Greatest hits". Um dia rotineiro mas alegres. O dia correu-me.

Hoje não devia ter acordado. Há erros que se cometem que nos deixam marcas para o resto do dia. Sem saber como nem porquê ficamos dependentes da nossa própria moral. Quando menos se espera, algo que para nós parece de uma inocência infantil, actua no próximo como se de um acto cruel se tratasse. Há erros que se cometem e reacções que não se esperam. Há erros que não se voltam a cometer. O dia ficou cinzento e triste. As nuvens fecharam-se sobre mim mesmo. Magoei alguém sem ter intenção. Despertei sentimentos que a mim não são dirigidos. Passamos a vida a atirar ao lado. Muitas vezes é quem está mais próximo e de quem mais se gosta que leva com o balde em cima. Fiquei dilacerado.

Odeio telemóveis. Porque sou dependente deles. Fico incomodadíssimo quando me recusam chamadas. Sinto como uma rejeição. E que na realidade é. Apesar de já ter dissecado essa vertente em exercícios psicanaliticos não gosto de telefonar a alguém e ouvir o sinal de rejeição de chamada. O que racionalmente compreendo. Raramente recuso uma chamada. Quando estou suficientemente ocupado para recusar uma chamada, simplesmente ponho o telefone no silêncio. Torna-se muito mais agradável para o outro ser o gravador a atender. Menos sentimento de rejeição. Embora ela exista.
Hoje em dia é uma forma de agressão desligar propositadamente o telefone a alguém que fica pendurado a sentir o "tu tu tu" nos ouvidos. Os telemóveis são um atentado contra a minha liberdade e contra a liberdade dos outros. São autênticas máquinas selváticas dos tempos modernos. Servem para atirar a cabeças mais desprevenidas. Pior que os telemóveis só mesmo o Hi5 para lançar a confusão entre as relações das pessoas. O pior é quando se o usa mesmo com esse objectivo. Juntemos as duas coisas e temos o caldo entornado.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentem o que vos apetecer. Viva a liberdade de expressão!