terça-feira, 30 de junho de 2009

Berit Mila


O brio é algo de muito positivo em todos nós. Apesar de não me considerar especialmente materialista tenho alguns cuidados com os objectos materiais que colecciono à minha volta. A minha tia Nanda, essa sim materialista, costumava dizer que tinha cuidado com as coisas porque estas lhe tinham custado muito a ganhar. Os objectos adquiriam uma personalidade própria que nada tinha a ver com o dinheiro. O sofá italiano bordeaux teriam sido 2 meses de noites em branco na Clínica de São Lázaro (o nome pode estar enganado), o espelho barroco do corredor foram outros tantos domicílios geriátricos, o rádio am/fm com 60 anos um par de horas extras nos primórdios do Santa Maria... e assim por diante. De nada lhe serviu tanto trabalho em rodear-se de bens materiais recauchutados com primazia... O rádio am/fm com 60 anos jaz agora avariado no meu quarto trazendo-me à memória a minha tia Nanda e as suas filosofias mundanas. Todos os outros objectos foram distribuídos, mais ou menos aleatoriamente, pelos sobrinhos e irmãos. Serve de muito não usarmos as coisas em vida.
A última vez que estive no Algarve com os meus nenucos resolvi, por brio, ir lavar o carro alugado (o meu ainda estava no hospital dos carros após a colisão contra o eléctrico da Carris) a uma lavagem manual e mais barata. Lá encontrava-se o casal da foto, que à medida que o senhor ia chuveirando o carro, a esposa com o filho ao colo ia esfregando as jantes de liga leve munida de uma escova de dentes. Este é um exemplo de como a perfeição é sempre inatingível. A mim, apesar de adorar o meu carro, nunca me passaria pela cabeça andar com o meu filho ao colo esfregando as jantes com uma escova de dentes. Aliás, algo provavelmente premeditado, ninguém anda assim com escovas de dentes para trás e para à frente. Eu por caso tenho uma na minha mala de trabalho, mas não a levo para a estação de serviço, a não ser que premeditadamente eu resolva escovar os dentes à jante. Como sabemos, as jantes são a última das coisas a sujar-se 5 minutos após a lavagem, pelo que a sua lavagem nunca é inglória. Not. Naturalmente, isto não é uma crítica, cada qual esfrega o que bem entender e como bem entender. Mas achei que devia compartilhar convosco.
O título desta entrada não tem que ver com a prosa escrita anteriormente, mas sim com o Berit Mila que celebrei hoje em homenagem ao meu filhote. Lá teve que ser, quem sai aos seus não degenera. De qualquer maneira, ficou fantástica, mais estética e crescida. ;)

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