quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

As minhas memórias sépia.

As memórias somos nós. As memórias são os bocadinhos bons e maus que nos constroem, que nos fazem ser assim. As memórias, embora distorcidas desde o primeiro momento mantêm vivos aqueles que já morreram, aqueles que fizeram parte das nossas vidas, aqueles que nos cruzaram e bem ou mal nos deixaram marcas para sempre. As memórias ficam connosco até à nossa morte. Pode-se desistir das relações, das pessoas, das profissões, dos hobbies, podemos deixar um livro inacabado, um disco por ouvir até ao fim, mas as memórias, por mais que queiramos acompanham-nos e surgem quando menos se espera. As memórias trazem-nos sorrisos aos lábios, lágrimas aos olhos, apertos no coração, põe-nos a falar sozinho quando estamos parados no trânsito. As memórias são assim infinitas embora mutáveis. À medida que vamos envelhecendo estás vão-se tornando cinzentos, esfumadas, pouco precisas, com menos cor, mas estão sempre lá. As minhas memórias sépia. 
Hoje o meu filho pediu-me para lhe imprimir umas fotografias de animais para um projecto da escola. Estivemos os dois à procura de animais exóticos, pelo menos para nós europeus, fotografados por mim. Abri a pasta da viagem à Patagónia. A viagem da minha vida e surgiram-me as memórias dos momentos mais pacíficos e ternos que tive até ao momento. Recordei cada momento, cada flash, cada esgar, cada sorriso com carinho e saudade. Essas boas memórias ficaram-me para sempre. Fazem parte de mim. Essas nunca poderão ser roubadas e distorcidas. Mesmo as outras memórias, cinzentas, de tristeza e mágoa, posteriores, nunca as poderão ocultar. Tomamos opções, umas mais forçadas do que outras, a minha foi chegar à conclusão da impossibilidade de manter uma chama viva que se teima em apagar. Mas nas minhas memórias essa chama viveu, esteve presente, deu-me momentos de paz e imensa felicidade. Nessas memórias fui amado e amei. Nessas memórias visuais, mas também olfactivas e tácteis fui feliz. E isso é o que realmente importa. Porque quando menos se espera elas surgem. E ninguém as poderá tirar. 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Get the Fuck Out of my life

I hate this kind of people. Even worse if in the first place you had the biggest mistake of your life. Fuck Off.


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O que queremos da nossa vida?

Durante a nossa existência muitas adversidades e calhaus se interporão nos nossos caminhos. Eu estou a atravessar talvez a fase mais negra dos últimos anos. Muitas vezes à nossa volta nem tudo é tão escuro e frio, mas não se consegue remover facilmente os óculos escuros que nos toldam a visão. O cansaço acumulado torna-nos hipersensíveis. Tudo nos parece mal e todos nos parecem inimigos. E às vezes reagimos como assim se tratasse. Despejar no balde lixo errado é sempre uma forma arcaica de nos darmos com os outros. Quando tudo nos parece desajustado não nos sentimos considerados, respeitados, acarinhados e amados na nossa mera condição humana. Há sempre pessoas, que como cães vadios, cheiram os problemas dos outros e aproveitam-se das fragilidades alheias para espezinhar, para torcer, para se promoveram a elas próprias elevando-se para uma condição menos canina. Esses género de seres são poucos mas difíceis de enxotar, tal como os cães vadios farejam-nos e perseguem-nos até à exaustão. 
Estou a atravessar uma semana difícil que ainda agora começou mas que terá o seu expoente máximo na quarta-feira. Este período de trevas fez-me reflectir sobre muitos outros assuntos e constatar a quantidade de gigantescos erros que tenho cometido ao longo da minha vida. E há erros sem resolução A única alternativa é geri-los. Estou a matar a pequena criança que sempre existiu dentro de mim e isso é matar parte de mim. As personalidades nunca são fáceis e a minha não é excepção. Mas sempre tive valores e nunca desrespeitei as pessoas à minha volta. Não obstante, mesmo involuntariamente, já magoei pessoas que admiro e de quem gosto. Quem não o fez? O importante é termos consciência dos nossos erros e os assumirmos na esperança de que nos perdoem, tal como nos perdoamos a quem nos tem ofendido. Da minha curta formação católica, esta é talvez a única frase que me marcou. Tudo isto me tem feito pensar em que mundo vivo, no que nos transformamos, nas pessoas que nos rodeiam, em casa, no local de trabalho, no grupo de amigos... Chego à triste conclusão que o egoísmo impera e pessoas que acreditamos amigas no primeiro momento nos atraiçoam, nos destratam, nos desrespeitam. Uma qualidade que julgo possuir prende-se com o facto de sempre ter sabido o meu lugar. E nessa condição respeitado as pessoas à minha volta. Há um ditado japonês que diz uma pessoa deve ser humilde perante os chefes por obrigação, perante os pares por cortesia e perante os subalternos por nobreza. É de facto uma verdade dogmática mas correcta na sua existência e na minha óptica ser humilde não aplica anulação nem ausência de discussão. No entanto a forma como se procede demonstra o grau de formação que nos temos. E essa não se aprende nas escolas, nas faculdades, é nossa e transmite-de pais para filhos. Esses tem sido os principais valores que tento passar aos meus filhos. A que nunca tenham uma postura arrogante e petulante perante a vida. E a vida que eles irão ter ninguém sabe. Mas vejo o futuro deles sombrio e isso entristece-me. Não sei que mundo estamos a deixar para as gerações vindouras. As pessoas perdem os escrúpulos e não olham a meios para atingir fins. Espero que para o final da semana a luz me invada novamente e veja as pessoas com brilho que anseio que elas tenham.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

the dark side of the moon

Há dias em que tudo parece negro,
Em que ninguém parece gostar de nós,
Há dias em que fechamos portas,
A dor revela-se atroz,
Há dias chuvosos sem guarda-chuva,
Ficamos frios, tristes, com as almas mortas.
Há dias em que só queremos fugir,
Flutuamos no rio cizento do desprezo,
Arremessados, moles, transparentes, voláteis,
como a pele das uvas que descascamos na praia escondida.
Há dias em que tudo nos parece mal,
Em que somos o centro das atenções negativas,
Há em dias em que somos merda,
Ou pelo menos assim nos sentimos perante as divas,
Há dias que deveriam ser noites,
E noites que deveriam não terminar.
Fechamos emoções e sentimentos na arrecadação dos nossos medos.
Há dias em que o arco-íris se funde com as trevas que nos invadem.
Ficamos em rigor mortis perante o espelho da nossa existência.
Há dias...



quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Sweet Disposition

Hoje à tarde fiz algo que há muito não fazia. Soube-me bem. Às vezes esquecemos o conforto das pequenas coisas. A temperatura da sala estava a ideal. A almofada colorida fofinha e envolvente. A mantinha cor-de-laranja por perto. A luz fraca envolveu-me. A música embalou-me. Fechei os olhos e adormeci rapidamente. Dormi uma sesta daquelas que quando acordamos não sabemos muito bem onde estamos. Foi o caso. Soube-me muito bem. Sonhei com intensidade, daqueles sonhos que parecem realidade. Hoje à tarde a conversar com os meus filhos chegamos à conclusão de que os sonhos podem ser a vida real de alguém que está acordado enquanto nós dormimos. Assim, temos sempre duas vidas. Só a que dos sonhos é mais estranha. Bem, às vezes não. Mas o meu sonho de hoje à tarde foi tudo menos normal. Na minha casa, encontrava-me com um casal de namorados do tempo de escola. Ele um verdadeiro idiota, sempre o foi, acho que acabou em porteiro de discoteca, daqueles agressivos e de boné à banda. Fazia parte do grupinho do mesmo tipo que fazia merda na comida dos outros. Ela engraçada mas submissa. Não faço a menor ideia do porquê entrarem no meu sonho. Não os vejo há anos. Na realidade andavam no meu liceu mas se trocámos duas ou três palavras durante a nossa vida foi muito. Mas no FB somos grandes amigos. Just Kidding. No entanto estavam no meu sonho e eu estava deitado de costas no sofá no colo dela enquanto olhava pela janela e vi uma nave espacial a passar por cima do meu prédio. Achei tudo uma bizarria. Levantamos-nos e espreitámos pelo buraquinho da porta à espera que um alien entrasse pelo terraço adentro. De repente sinto-me abraçado pelas costas por outra colega de liceu da qual neste momento não me consigo recordar. Esqueci-me. Mas no sonho consegui-a identificar perfeitamente. O curioso é que toda esta intimidade era pura amizade no meu espírito e eu conseguia senti-lo. Sempre consegui distinguir afecto de luxúria. De facto sou uma pessoa táctil. Toco nas pessoas. Provável defeito taurino meu. Mas no meu espírito sempre diferenciei aquilo que é desejo e erotismo do que é puro afecto e amizade. Serei eu o alien? Maybe. De repente acordei sem saber onde estava.


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Underwater Love


Telefonei-te para saber como estavas. Gostava de te ver agora que tens mais tempo. Colocaste mil barreiras e ainda assim eu telefono-te para saber como estás. Na esperança que agora que tens mais tempo me queiras ver. Mais barreiras. Excepto quando não te telefono e então ligas-me tu. Para a seguir me colocares ainda mais barreiras.
Hoje à tarde andei pelos teus lados. Lembrei-me de ti. Na realidade fui lá porque me aconselhaste. Disseste-me ser mais rápido. E de facto foi-o. Almocei um hamburguer gourmet sempre de olho nos cozinheiros. Tinham aquele olhar patológico de quem faz merda na comida dos outros e fica à cuca a olhar as garfadas. Podem achar estranho, mas existem pessoas que se divertem com as coisas mais sórdidas e doentias. Tive um imbecil de um colega no liceu que no verão trabalhava num snack-bar e a vender pipocas. Esse psicopata tinha o hábito de fazer porcarias inimagináveis com os hamburguers e tostas que servia. A seguir vangloriava-se de ser tão atrasado mental. 
Andava com vontade de rever o Titanic há já algum tempo. Cheguei a casa à tarde e resolvi vê-lo. A primeira vez que o vi marcou-me. Não tanto pelos efeitos especiais mas pelo romantismo da estória. Hoje confesso que achei os diálogos mais forçados e a prestação dos actores mais fraca, mas ainda assim me fez chorar. Como da primeira vez. De facto sou um homem de choro fácil. Mas confesso que é das histórias de amor mais bonitas do cinema. Há de factos amores inesperados e que nos marcam para a vida, ainda que sejam de curta duração. Neste caso foi forçada pela morte precoce de Jack. Não obstante, todo o romance envolvente, a libertação de Rose de tudo o que era superficial e castrador, o ambiente, o bater de asas e a coragem da personagem é de facto marcante. Confesso que hoje estou sem grande imaginação para escrever. É verdade. Sinto-me cansado. Á medida que bato no teclado o meu pensamento voa até ti. Ao longo destas palavras comecei por ouvir So Cruel dos U2, a seguir Joga da Bjork, Ripe Tide dos Beirut e agora uma qualquer dos Faith No More. Como já se aperceberam isto não tem sequência nenhuma. Sintomático do meu estado de espírito. Perdido e inerte. Apareçam cá em casa para um café, um cigarro e dois dedos de conversa. Ouço o tema Blue Eyes revisitado. Bom. Muito bom.

domingo, 13 de janeiro de 2013

resiliência

Quanto tempo se consegue resistir a alguém que não nos deseja. Quanto tempo se consegue resistir a alguém que nos diz amar mas foge no primeiro momento. Quanto tempo é possível alguém manter-se à espera de alguém que desaparece no momento seguinte. Quanto tempo? Quanto tempo é possível? Quanto tempo é possível dobrarmos-nos e voltarmos à postura inicial. Qual a resistência da resiliência. O combustível amor não dura eternamente se a chama não for alimentada. É utópico pensarmos que os outros estarão sempre presentes. Um dia a resiliência deixa de ser um conceito aplicável e a amnésia total invade-nos o espírito. Abandona-se aquilo que já há muito nos abandonou. Um dia as contas de e-mail, os telefones, as campainhas, os telemóveis, os pombos-correio, as memórias, as fotografias, os postais, os presentes, as emoções tudo se esfuma em nada e dá-se um passo em frente. Tudo tem limites. E o limite é a anulação do amor próprio. 

domingo, 6 de janeiro de 2013

Verdades Absolutas


imaginaerum

As opções que tomamos nas nossas vidas têm sempre repercussões. Para um lado ou para o outro. Todos os caminhos seguidos vão invariavelmente dar a algum lado. Umas vez os sítios a que nos conduzem são ternos, quentes e agradáveis. Outras são sítios sombrios, cinzentos e adversos à nossa felicidade. Na maioria das vezes conduzem a sítios intermédios, umas vezes raiados pelo arco-íris que desenha no céu um sinal de esperança, outras cobertos pelas nuvens negras que parecem pôr em causa tudo aquilo com que se sonhou. Mas as opções têm sempre alguma repercussão. Não há atitudes, frases proferidas, olhares, comportamentos que não tenham as suas consequências. O amor e as relações entre as pessoas são o paradigma das consequências. Poucas pessoas conheço com relações aparentemente sólidas e estáveis. Digo aparentemente porque mesmo dessas por vezes surgem surpresas. Já tive dois ou três amigos verdadeiros, daqueles com quem se conversa, daqueles com quem se compartilham frustrações e alegrias, que viviam aparentemente relações sólidas e de um momento para o outro surge a ruptura. Isso leva-me a pensar que existem certos temas da esfera íntima dos casais que nunca chega cá fora até ao momento em que é impossível esconder mais. As pessoas, o ser humano, preocupa-se sempre mais com as aparências do que com aquilo que se vive na realidade. As pessoas pensam sempre mais naquilo que os outros possam pensar do que naquilo que sentem verdadeiramente. Na realidade acho isso muito triste, que na eventualidade de uma reconciliação a preocupação major seja transmitir aos outros quem é que cedeu, quem é que anda atrás, quem é que continua ligado a alguém. Quando isso é o menos importante. Aliás, não tem importância de todo. Na realidade desvirtua por completo a relação entre duas pessoas que se amam. Aquilo que mais uma vez importa são as aparências. Na sociedade actual o que se valoriza são as marcas, os objectos, o status, a ascensão social. As pessoas fazem tudo para entrar num baile de debutantes e no entanto não se apercebem que continuamos a viver em castas. Continua a ser muito difícil alguém de uma casta inferior chegar às esferas das elites. Elites essas que não são mais do que exercícios artificiais de futilidade. Como o ser humano consegue ser tão superficial. E é-o na realidade. Os elitismos não são mais do que comportamentos que escondem a verdadeira essência degraçada e primitiva de quem os pratica. Na maioria das vezes para esconder as origens. É um contrasenso, já que na minha opinião, quando alguém não esconde as suas raízes, mesmo que tenham sido desfavorecidas e ninguém escolhe o meio onde nasce, é realmente feliz. Mas prefere-se frequentemente continuar a viver num imaginaerum alimentado por uma histeria colectiva de futilidade e subserviência perante aqueles que aparentemente detêm o poder. Quando o poder somos nós todos que o alimentamos. E as pessoas tentam sempre deter poder sobre os outros. Umas vezes na base da força, outra na coacção psicológica, outras na privação de liberdade. E isso é transversal desde as relações entre duas pessoas até a grupos sociais maiores. Só quando se vislumbra a "ameaça" de se perder o outro definitivamente é que se regressa. Para cuspir e humilhar no momento a seguir. Alguém me disse ontem que, apesar de todo o clima de depressão nacional, sente uma onda positiva para 2013. Assim o espero, apesar dos calendários não serem mais do que barreiras artificiais, também eu vou tentar que 2013 seja um ano de reencontro comigo mesmo e dar um passo em frente. Quem quiser me acompanhar que seja sincero e me ame verdadeiramente. Não vou esperar mais dentro da gaiola enferrujada com a portinhola semi-aberta.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

:(

E claro está, após um vislumbre de esperança, eis que as trevas me invadem novamente. Começo o ano angustiado. Não consigo gerir sentimentos que me ferem. Queremos ser simples mas não é possível. Também eu fico de queixo caído e os olhos húmidos. Uma das minhas resoluções de ano novo já começa a cair por terra: Ser Feliz ao teu lado.

The End.