sexta-feira, 20 de março de 2009

Sound of Silence

Dou um mergulho na escuridão que me agarra com mil braços. Sinto-me envolvido pelas mãos que me asfixiam. Tento-me libertar de todos os pensamentos negativos que flutuam à minha volta. Acendo a luz de pedras de sal dos Himalaias numa vã tentativa de purificar a minha alma. As velas de essências de Jasmim queimam o ar que me circunda. Não me consigo libertar desta carga que me verga a coluna. Ouço o Sound of Silence de Simon & Garfunkel enquanto me deito no chão da sala. Penso em todos os erros que cometi quando interajo com as pessoas que realmente amo. O amor é assim um arma que se utiliza contra os que não têm culpa. Não pedi para amar ninguém nem ser amado. Na realidade queria ser uma árvore imóvel no topo de uma falésia virada para o mar. Queria estar estático e imóvel sentido o vento frio do norte nas noites de Inverno solitárias. Queria estar de fronte para o mar para todo o sempre, perdendo de vista o horizonte de almas que partem sem que tivéssemos tempo para nos despedir. Odeio o amor assim como amo o ódio. São sentimentos tão próximos que dificilmente se conseguem dissociar. Questiono-me se saberei realmente amar. Questiono-me se alguém hoje em dia saberá realmente amar. Dizem-se e fazem-se coisas que não se deveriam dizer nem fazer aos que se amam. E isso inclui filhos, pais, irmãos, namorados, esposas, amigos, colegas... Perde-se o controlo sobre aquilo que pode realmente magoar os outros como se os sentimentos dos outros fossem inatingíveis pelos torpedos das palavras. Mesmo depois de muita psicanálise continuam-se a cometer os mesmo erros e a magoar aqueles que não se podem defender. A isto chama-se cobardia. O ser humano é talvez o animal mais cobarde que conheço. Em última instância o que é realmente importante é o nosso umbigo. O egoísmo é cada vez mais imperial. Vendem-se a mãe e os filhos com a mesma facilidade com que se defeca. A quantidade de episódios e histórias que tenho ouvido de amigos e conhecidos que me vêem como confidente deixam-me abalado perante a falta de respeito que todos temos por todos. As únicas pessoas que conseguem realmente manter o controlo sobre os outros são os surdos, cegos e mudos... Tudo o resto é capaz das maiores atrocidades que começam no silêncio dos lares e se estendem ocasionalmente por essas estradas fora. No que me diz respeito, tento fazer tábua rasa dos erros que cometi e olhar de novo para o horizonte das almas que deixei partir sem um Adeus. Algumas arrependo-me outras nem por isso. Mas numa coisa quero acreditar... Tentarei que nunca volte a acontecer. 

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