sexta-feira, 13 de março de 2009

HeartBreaker

Alguém um dia me chamou heartbreaker. Inexplicavelmente apareceu um autocolante na porta do meu quarto de um coração com a palavra "heartbreaker" no seu interior. Na realidade, ao longa da minha vida tenho destroçado alguns corações, mas não raramente o meu tem sido destroçado. Aliás, fui a primeira vítima das vicissitudes da paixão precocemente arremessada. Como já aqui disse, tive duas ou três paixões intensas na minha vida. Duas delas esfumaram-se no horizonte. Uma nunca foi revelada. Talvez a mais intensa, por não ter passado da adolescência. Tudo o resto tem sido uma busca mal sucedida de um amor que sei que existirá algures por aí. Espero não morrer antes de o atingir. Não obstante, cheguei a um estado de desenvolvimento em que para a entrega total preciso de ter garantias que não vou ser novamente destroçado. Isso às vezes pode ser interpretado como uma barreira espiritual se quiserem. No entanto, é preciso que alguém tenha vontade de a trespassar e não forçar o tempo. É assim que estas coisas do amor funcionam. Apesar de tudo prefiro ser heartbreaker do que heartsuffer porque já passei o que tinha a passar... Se calhar gelei a alma, mas na realidade  já não fico perturbado com uma tampa. Pura e simplesmente não tento mais do que duas ou três vezes. E também não me deixa nenhuma dor na alma dar uma tampa em alguém. Pode ser que tenha um ego tamanho do mundo (e ainda bem), mas na realidade não sou eu que fico a perder. Nunca sou eu que fico a perder. Mas já fiquei. Já perdi pessoas das quais me arrependo fortemente por ter sido tão cego e imaturo noutros tempos, noutras vivências, noutras cidades... Não obstante, o que me entristece nas pessoas é a falta de sinceridade e a incapacidade que se tem de dizer nos olhos aquilo que realmente amadurece na alma... E isso eu não perdoo. O autocolante continua na porta do meu quarto por baixo de uma sinaléptica que enaltece as relações superficiais da nossa sociedade actual: a queca. Tudo começa ao contrário hoje em dia... e frequentemente começa por uma queca que acaba num café, num cinema, num jantar romântico, numa troca de olhares, num beijo na face, num aperto de mão, numa apresentação e que acaba mesmo antes de começar.

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