domingo, 1 de dezembro de 2013

Cut-Off

E eis que cheguei ao cut-off que tinha definido no meu espírito. Frequentemente defino cut-offs gregorianos para determinado tipo de decisões. No dia tal começo a estudar, em certo dia deixo de fumar, naquele dia irei tratar das coisas para a próxima viagem e assim por diante. Marquei para mim mesmo o cut-off da não desistência, da esperança, da espera vã. Confesso que já nem sei bem o que esperaria. O que sei é que atingi o cut-off que defini no meu espírito. E contra isso não há nada a fazer. Ironicamente, ouço Muse - Live Rome Olympic Stadium. Ao longe ouvem-se palavras em italiano. Dentro de 31 dias perfaz-se um ano de distância física, emocional e intelectual. Exceptuando as memórias tudo morreu. E o cut-off foi atingido. É difícil desligar-me da medicina baseada na evidência. Mas tudo aquilo que perdi é estatisticamente significativo. Tudo aquilo que ganhei também. O p inferior a 0.05. Somo cabelos brancos e rugas. O espírito continua igual, mas as cervicalgias, lombalgias, refluxo gasto-esofágico e insónias recordam-me que não posso parar no tempo. Devo ultrapassar as vicissitudes da tristeza e frustração. O ano chega ao fim e olhando para trás foi um ano de quase completa inutilidade deitado à rua. Estive amorfo e rotineiro. Mas cheguei ao cut-off e quanto a isso não há nada a fazer. 

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