sábado, 8 de dezembro de 2012

i have been waiting for so long

Acordo de manhã cedo. Vestido e deitado no sofá. Adormeci ao som de Arcade Fire. Manipulei os meus sonhos e viajei um ano antes, aos saltos, a comer pó, adormecendo no carro, sujo mas com a alma pura e cristalina. Acordei quente, ruborizado, a suar, vitima do meu aquecedor por esquecimento ligado. Lá fora o nevoeiro denso envolvia-me na torre que habito como se voasse por entre as nuvens do teu esquecimento. Acordei sem saber onde estava. Pestanejei várias vezes até me confrontar mais uma vez com a solidão que me invade. Estou á espera, sempre á espera que digas algo, que aceites os meus convites, que tomes iniciativas, que..., que..., que... . Castigas-me por um crime que não cometi. Cada dia, hora, minuto que passam é sentido por mim com um verdadeira punição. Acenas-me com um doce que no minuto seguinte se esfuma em mil e um odores de açucar perfumado. Prendes-me e eu deixo-me prender. Não estás presente nem queres estar mas mantens-me manietado. Sabes que o fazes e sabes que é injusto. Não se pode amar indefinitivamente alguém que não o quer. Não se pode obrigar alguém a esperar eternamente por algo que poderá nunca voltar a acontecer. Despedes-te com um beijo nos lábios, com um olhar doce, com um esgar, porque sabes que têm cola. E depois volta tudo ao mesmo. Tudo aquilo que te queixavas, que não tinha tempo para ti, é em ti que eu o sinto. Quero voltar a amar. Quero quero quero. Preciso de me libertar de ti e não consigo. A ultima vez que nos vimos, que falamos, que nos beijamos, disse-te que não podia parar a minha vida à tua espera. Espero por ti há demasiado tempo sem sequer ter uma sombra de esperança, um acto de carinho, uma mensagem calorosa. Pedes-me e eu faço, talvez por isso seja tão frequentemente abusado na minha existência. É-me difícil dizer não. Não obstante é essencial que o faça, porque na realidade quando faço algo que intimamente não quero as marcas ficam, as pessoas passam de amigos a agressores. Tantos anos de grupanálise e continuo sem me saber defender dos outros. Quero sair daqui. Amanhã apanho o voo para Tóquio e liberto-me de tudo isto que me incomoda. Vai-me custar abandonar amigos, família, colegas e sobretudo tu. Mas chega-se a um ponto de exaustão, de remar contra a corrente, de voar contra o vento, de gritar no vácuo... O reconhecimento é o alimento da alma e neste campo sinto-me em inanição há demasiado tempo. Esgotei o meu tempo. Lamento. Foi um risco que correste, que corremos, que correste... Não aguento mais este sofrimento que me preenche os minutos em que comigo não estás.

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