sábado, 5 de setembro de 2009

ironias

Fui à tarde a um dos parques infantis aqui da zona. Os meus filhos ansiavam pelos escorregas e baloiços prometidos desde que acordaram às 7.00 da manhã a um sábado. Quando chegámos estavam 6 ou 7 miúdos, negros, alguns de cuecas a divirtirem-se com guerra de balões de água. Os meus filhos continuaram a brincar sem dramas ou medos infundados, ou não, já que aquelas crianças eram todas oriundas do famigerado bairro da Cova da Moura que de vez em quando migram até estas redondezas. Rapidamente me lembrei da "cidade de Deus". Podiam ser perfeitamente intérpretes dessa realidade crua e dura. Os miúdos continuavam a divertir-se com os balões de água. Entretanto vejo um senhor de telemóvel em punho sem criança por perto. Achei estranho mas continuei a minha leitura do "expresso" enquanto vigiava os meus rebentos. Um dos miúdos tinham um ar perfeitamente "mafioso", mas em ponto pequeno, crista na carapinha e as sobrancelhas com vários cortes. Outro apresentavam um polegar completamente destruído com várias cicatrizes de corte. Confesso que aquele grupo me causou algum desconforto e um pequeno medo interior infundado, ou não, já que os miúdos são da Cova da Moura e não raramente responsáveis em grupo por assaltos, vandalismo e mesmo agressões a adultos e recordei a "cidade de Deus". Os meus filhos continuaram alegremente a brincar. Entretanto ouço um dos miúdos a gritar para os outros - "Vem aí a polícia." Olhei para o pequeno "mafioso" e disse-lhe: "Não tens nada a temer" "Se não estão a fazer asneiras a polícia não vos importunará". Perguntou-me se era proibido atirar balões. Respondi-lhe que logo que fosse entre eles que não. Não podiam era atirar a outras pessoas. De repente no meio do parque infantil sobem dois polícias, um pai de telemóvel em punho, uma mãe de sotaque brasileiro e 4 ou 5 miúdos brancos que eu chamaria há 20 atrás - que grupo de betinhos. Os polícias perguntaram aos miúdos se eles ontem tinham roubado um fio de ouro! Ao que responderam que não. A brasileira pergunta a um dos miúdos betinhos se era algum daqueles - ao qual o miúdo de 8 ou 9 anos responde em alto e bom som que eram muito parecidos, não eram estes, mas que também eles eram todos iguais! Os polícias continuaram por ali e o meu sentimento de medo e insegurança só aumentou! A brasileira gritava com sotaque brasileiro que deviam era ser todos expatriados! - pasme-se. Que se fosse nos Estates eram todos repatriados. - pasme-se a Brasileira e os polícias e o pai de telemóvel em punho e os betinhos que andam de fios de ouro no meio dos parques infantis... Perante tudo isto eu agarrei nos meus filhos e vim-me embora antes que vomitasse para cima de alguém.
É triste verificar que os racismos, estigmas e discriminações se iniciam nas mentes bem imaturas. Ó mãe: o que é expatriados?

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