domingo, 28 de outubro de 2007
Platão, Amor e Paixão
A razão estava do lado dele. Pelo menos no que às coisas do amor dizia respeito. O eterno apaixonado. A forma de amor mais pura e indestrutível pelo seu egoísmo também. O nosso amor quando é só nosso. E não corremos o risco de o perder. Porque também não o revelamos. Na realidade não passa de uma projecção daquilo que desejamos acima de tudo. Um amor perfeito. Utópico e inatingível. Porque não existe. Sem regras, excepto as nossas. Os amores puros não existem. Talvez já terão existido. Como no Senhor dos Anéis. Mas já não. As pessoas amam-se e odeiam-se à velocidade da luz. Unem-se e separam-se como se não existisse amanhã. Tudo desmorona à nossa volta, com uns inocentes que vão ficando pelo meio. Platão, sim tinha razão, vivia os seus amores para dentro. Longe da frustação de se ver negado perante o seu desejo. Sempre alheio ao confronto com a dura realidade, que aquilo que nos desejamos não existe. Às vezes uma coisa que se chama paixão aparece no início e então vemos os outros como queremos ver. Aliás não vemos mais nada. Sentimos um aperto no estômago e outro no peito. Dura poucos dias a paixão. Quando a vista vai ficando mais cristalina e a cegueira cortical se vai atenuando. E então, ou surge o amor, que na realidade não é mais do que uma amizade longa e prolongada salpicada de prazer carnal ou precisamos de nos apaixonar outra vez. Alguns de nós somos viciados em paixão. Os chamados eternos apaixonados ou saltitões. Outro tipo que não consigo compreender é aquele em que se vão mantendo ligações de amizade com relações que já terminaram. Como se as memórias não chegassem. E à medida que as relações vão passando e o caderninho de apontamentos vai aumentando a probabilidade de uma relação futura bem sucedida vai diminuindo. Ninguém está para compartilhar o seu amor, paixão ou o que quer que se queira chamar com cadáveres sentimentais de relações passadas. Mas há pessoas assim. Eu por meu lado, cada vez mais acho que na realidade Platão sim, tinha razão. Mesmo com o fado "do meu amor nem às paredes confesso".
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