Há sons que nos transportam. Melodias, acordes, letras que nos levam para outros locais. Conduzem-nos para outros tempos. Há músicas de uma vida. Ouço algo que tinha abandonado há algum tempo. A pronúncia britânica de outras paragens projecta-me a Paris. Dentro de um comboio, a seguir um autocarro, uma residência universitária, um jantar, uma discoteca da qual não sei o nome. Os registos ficaram. A dor que senti olhando para o tecto de madeira clara, ondulado. Lá fora o barulho das turbinas nas descolagens. O mundo ruiu à minha volta. E na realidade foi só um pequeno invólucro de uma tristeza infinita. Acabei de ver os dois últimos episódios da 5ª temporada de Californication. A minha novela erótico-dramática. It was just a blowjob. Maybe two. Não importa o sentido. O que ficou foi a dor de Charlie ao imagina-la nos braços de outro homem. Doí-me o ombro esquerdo. A sensação de queimadura arrasta-se desde há uma semana. A dor foi mais forte desta vez. Tenho a alma dorida. Mais do que o coração de escarlate incompleto. A peça perdida algures talvez um dia seja encontrada.
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