terça-feira, 20 de agosto de 2013

Saudades

Já aqui várias vezes escrevi sobre a saudade. Eu e milhares de portugueses. Só nós conseguimos descrever este sentimento que em última instância se traduz num fado. Os outros podem-lhe chamar melancolia, nostalgia, mas a verdadeira saudade só nós entendemos. E ela varia de pessoa para pessoa, de geração em geração. As saudades que eu sinto hoje da minha infância são seguramente diferentes das saudades que sinto de pessoas que já morreram. E depois vem a saudade mal resolvida. Aquela que só existe porque se amou ou ainda se ama alguém que já não está ao nosso lado. As saudades surgem quando menos se espera. Naturalmente, procurar evocações de memória não ajuda a curar as saudades. Mas será que há cura. E mais importante que isso, será que é necessário curar. Estas férias já terminadas geraram-me saudades. As paisagens e praias onde o nosso amor só tinha comparação com o brilho do Sol trouxeram-me à memória momentos ímpares que me fizeram sorrir. Recordei tantas situações, tantos minutos, tantas conversas, os nossos banhos a dois, coisinhas pequenas como espalhar o protector solar, grandes como bebermos uns copos a dois até ao limite da euforia. Recordei os sabores que me ensinaste a gostar e que não mais desapareceram do meu espírito. Aliás, até ao momento continuo a comer somente gelado de côco e morango.  As nossas músicas de Verão. E de Inverno que sempre que ouvia me levavam até ti. Os livros que lemos. A delicadeza do teu olhar, do teu sorriso, do teu tom de voz. Encontrei fotos nossos em livros perdidos que resolvi ler estas férias. As saudades surgiram. Na realidade nunca desapareceram. Que diz que o tempo cura tudo engana-se redondamente. Quando se ama verdadeiramente alguém não há cura possível.

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