domingo, 4 de novembro de 2012

perfume

As paredes envelhecidas observadas de frente pelos lentes de outrora. O bengaleiro, pé de galo, amarelado jazia encostado ao armário de metal enferrujado semi-aberto. A tua roupa repousava nele. Queria-te marcar. Depositei as minhas roupas por cima. O cheiro de anjo penetrou-as intensamente. Disseste-me mais tarde que quando chegaste a casa e cheiraste o casaco veio-te à memória a minha pessoa, o meu ser, o meu cheiro. Não há nada mais erótico, marcante, envolvente que o cheiro. Essa é a marca animal que nos atinge inesperadamente. Podemos não ser giros, especialmente simpáticos, brilhantemente inteligentes mas alguém algures ficará enebriado com o nosso cheiro. A verdadeira essência da paixão reside aí, nas feromonas. Somos animais domesticados, mas a essência está lá. Conheço imensas mulheres, umas lindas, outras inteligentíssimas, outras sensuais e nenhuma me prendeu como tu. Não têm o teu cheiro, a tua alma. Também eu recordo o teu cheiro misturado com o meu na minha roupa que me acompanhou durante o dia seguinte. Cada vez que te vejo quero-te beijar o pescoço, sentir o teu suor, inspirar-te... Sou teu e a culpa são das feromonas. Enfeitiçaste-me com o teu odor. Queria agarra-lo, mete-lo no meu frasco, fecha-lo bem para não fugir. Para mim és e serás sempre a minha princesa feiticeira...

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