segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Indifference

Haverá alguma coisa pior nas relações entre seres do que a indiferença? A indiferença é o desprezo total e absoluto por outro. A indiferença mata, corrói, dilacera. Muito pior do que odiar. A indiferença é algo que só sente, ou melhor não se sente, quando alguém é transparente, volátil, sem importância. Quando alguém morre, se o amamos ou odiamos, sentimos a perda. Por razões diferentes, naturalmente. Mas quando alguém é indiferente nem sequer sabemos ou queremos saber, porque na realidade não nos importamos. Cultivar a indiferença de alguém significa que a pessoa saiu, deixou de existir, foi apagada de qualquer memória, por mais pequena que seja. A indiferença é a pior forma de não se gostar. Na realidade nem se chega a não se gostar, porque a indiferença é vazia de sentimentos, de conteúdo, de alma. Um ser indiferente é um não-ser, é um patamar muito abaixo do ser humano, dos animais, dos vermes.  Pior, não tem existência. De facto, quando Andy Warhol afirmava que preferia que falassem mal dele do que não falassem, estava repleto de razão. Alguém sentir a indiferença dos outros é a anulação completa do seu ser, da sua personalidade. Ninguém deveria ser obrigado a transformar-se em vidro, em plástico, num saco transparente e isso é a indiferença. As pessoas acabam as relações. Faz parte das vicissitudes da vida. Existem inúmeras razões para tal se suceder. Normalmente as culpas são arremessadas de um lado para o outro da rede sem que ninguém as deixe cair no chão. A seguir ao amor vem o ódio, o escárnio, o orgulho, as feridas reabertas, as divagações. No entanto, esses sentimentos por muito negativos que sejam demonstram respeito pelo outro ser. Demonstram que se pensa. A indiferença não. A indiferença corresponde à eliminação total, ao despejo, ao arremesso. Para alguém se tornar indiferente implica que o outro ser o esqueceu por completo, racional ou irracionalmente. A indiferença é indiferente. And we use to get closer than this (aqui usado com sentido).

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