Ligo o computador e admiro-te. Continuas com o teu ambiente de trabalho como se ainda vivesses cá, como se existisses, como se nunca tivesses partido, como se nunca tivesses morrido. A morte é uma inexistência na vida de outro. É um atentado à esperança. E essa matei-a quando assumi que tinhas partido para sempre. Disseste-me através de terceiros para continuar a minha vida. Também o disseste directamente. Não quis ouvir. Eu tento, mas está a ser difícil. No auge da paixão fugiste para Roma. Sofri, emagreci, não dormia, distraia-me, olhava para as pessoas sem as ouvir, mas sabia que te iria reeencontrar. Em Amsterdão, em Roma, em Lisboa. Agora sei que não te vou reencontrar. Sei que não te encontrarei por mais que me esforce. Ando perdido pelos sítios que gostávamos na esperança de te ver. É estúpido eu sei. Continuo obcecado, apaixonado, mal-amado, desprezado e no entanto não te consigo tirar da minha cabeça. Não o mereces eu sei, ninguém merece, mas é a realidade por mim vivida. De ti nada sei e continuas no meu computador e eu admiro-te cada vez que o ligo. E o que me custa desliga-lo. Vejo as nossas fotografias vezes sem fim e recordo as nossas canções. Como é possível que o livro italiano daquele escritor que eu não sei o nome seja tão parecido com a nossa história. E como muitas vezes pensei à medida que o lia, ao teu lado, deitado na areia quente do nosso secret spot, que isto ia acabar mal. E acabou não acabando. Despedimos-nos com um beijo nos lábios, com promessas de amor eterno, impossível e nunca mais te telefonei. Nem tu. Desististe de mim quando no momento em que eu quis desistir não me permitiste. Dizes-me por terceiros para continuar a minha vida. Não precisavas, eu sei que continuaste a tua. Embora nada mais saiba, porque morreste no meu espaço vital. Harakiri na realidade. Uso este blog como escape. Apercebo-me que a pessoa que mais vezes cá vem sou eu. A nossa história tornou-se desinteressante de tão repetitiva que é. Mas é o meu sofrimento isolado que a mantêm viva no meu espírito. Life Still Goes On.
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