quinta-feira, 29 de março de 2012
anã branca
Tudo tem um fim. Por muito que queiramos ele surge às vezes inesperadamente outras vezes expectável. Os prenúncios do fim são intensos e ferem-nas a vista. Tento olhar para o Sol e as lágrimas escorrem-me pela face. As estrelas, no seu final de vida expandem-se e no final contraiem-se dando origem às anãs brancas. Pequenas mas brilhantes, concentrando toda a energia das imensas estrelas que alguma vez foram. Olho para o céu e vejo imagens do passado. Recordo o céu estrelado no Sahara e o silêncio só interrompido pela nossa respiração. Cada estrela cadente é um desejo que não se realizou. E que ansiei. Os projectos ficam pelo caminho. Ficam sempre pelo caminho. Há passagens que não podem ser transpostas. Caminhos que não podem ser trilhados. Tudo tem realmente um fim. Mesmo que seja o início de um novo ciclo. E que se repita quânticamente até à perfeição inatingível. Descobri a Birdy por acaso mas deliciado com doçura da sua voz e que me têm acompanhado nas minhas viagens. Há bandas sonoras para tudo na minha vida. Para o início - Temper Trap. Para o meio - Florence & The Machine. Termino com Birdy porque sim. Porque me faz lembrar Bird Girhl de Antony & The Johnsons com que te brindei nas nossas conversas intermináveis até o Sol raiar e arrastar-me de manhã para o trabalho. Mas preenchido por dentro. Amado. Vivo. Era um Sol radiante no auge da sua vida. Da esperança. Dos projectos que queria alimentar com todos os raios quentes que pudesse emanar. Fui crescendo até ser uma Gigante Vermelha e de repente o Universo fechou-se sobre mim. Uma epifania da realidade espelhada. E encolhi. Minimizei-me. Reduzi-me à minha insignificância de anã branca que sou. Mais brilhante que todas as estrelas juntas à espera de um novo ciclo. Tudo tem um fim. Ou é só o início.
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