terça-feira, 12 de maio de 2009

MySpace.Mao


Estou em casa. Hoje, excepcionalmente, não trabalhei à tarde. Almocei num restaurante aqui perto e assim que pude enfiei-me na falsa protecção do meu lar. Nunca estamos protegidos de nós mesmos. Raramente posso envolver-me pelo silêncio negro do alto da minha torre. Ao longe vejo os carros em correrias lentas nas grandes circulares que me envolvem. Sinto-me em paz comigo mesmo, mas vazio... Como este lar que se foi esvaziando ao longo destes últimos anos. As memórias ficam e as os registos fotográficos de outros tempos e vivências transportam-me para as alegrias que aqui já vivi. Queimo óleo de Jasmim. Tudo tem um fim. As pessoas morrem, as famílias desmoronam-se, os amigos partem, os namoros dilaceram-se e tudo aquilo que nós temos desaparece quando finalmente  também nós partirmos. Sempre tive uma má relação com a morte. Na realidade temo-a embora afirme o contrário. Não a minha mas a dos outros. Temo a solidão e no entanto aprecio-a numa atitude masoquista. Quero ser feliz como se esse fosse o objectivo primordial das nossas vidas mesquinhas. Mas não consigo. Não assim, não afastando tudo e todos aqueles que tentam trespassar a barreira do superficial. Adsorvo as essências de Jasmim que me transportam para outros lugares. Em mim tudo corre como se não existisse amanhã. Sou emotivo em tudo o que faço. Vivo intensamente tudo o que se depara à minha volta. E só consigo ser desagradável para as pessoas de quem eu realmente gosto. Não tendo que me esconder atrás da boa-educação factual. Raras são as vezes que nos apercebemos disso. E isso magoa. A tendência é a solidão. O meu espaço é meu. Como já aqui escrevi. Quero continuar a dormir na diagonal e afasto do da minha intimidade quem se quer interpor. Ouço Sigur Ros sem perceber uma palavra que seja, fecho os olhos e vejo quem realmente sou. O meu pesadelo recorrente em que me liberto... fica para a próxima vez.

3 comentários:

  1. Lembras-me Ricardo Reis. Porque sim. E lembras-me que adoro Ricardo Reis.
    Beijo

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  2. "Tão cedo passa tudo quanto passa. Morre tão jovem ante os deuses quanto morre. Tudo é tão breve. Nada se sabe, tudo se imagina. Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada"

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  3. Na última vez que falamos disse-te que escrevias bem e que fiquei surpreendida com isso. E tu perguntaste: 'Porquê?'O significado das minhas palavras é este: quando leio o que escreves sinto sinceridade e transparência nas tuas palavras.
    'Sinto-me em paz comigo mesmo, mas vazio...' -excelente!
    SN

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