domingo, 5 de abril de 2009

escova de dentes

Quis-te emprestar a minha escova de dentes e tu recusaste. Há coisas que não se emprestam, dão-se. É curioso como se fabricam preconceitos que demonstram o quão estranhos e distantes estamos uns dos outros, mesmo que habitando os mesmos lençóis. Beijamos-nos na boca, trocamos saliva, envolvemos as nossas línguas uma na outra. Fazemos amor. Beijamos todos os centímetros corporais... e no fim não trocamos as nossas escovas de dentes porque é falta de higiene. E na realidade é... Tudo depende do contexto. Nos momentos de calor onde os corpos escorregadios deslizam em uníssono pensamos em tudo menos nas bactérias do outro lado da pele. Claro que é tudo pictórico. Na realidade não te quero emprestar a minha escova de dentes como não quero compartilhar mais do que estritamente necessário os lençóis que habitam debaixo do negro manto de veludo que cobre a minha cama. Habituei-me a gostar de dormir na diagonal. Neste momento a postura que mais se adapta a um sono relaxante e descansado. Durmo no meu leito como se estivesse ao longo de uma vista aérea de Barcelona - a minha cidade fetiche... Vou lavar os dentes e colocar-me na diagonal. 

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