terça-feira, 1 de maio de 2018

Dark Shadows

Acabo de fechar a porta. Sinto os olhos inchados. A cabeça vagueia. Olho em redor e envolvo-me nas sombras que me asfixiam. Don´t overthink  digo para mim mesmo. É mais forte que eu. Não suporto sentir areia nos olhos. Ouço Alt-J. A noite cai enquanto espero. Espero sempre de mais. Dou sempre mais do que recebo. Sempre foi assim. Fico amargurado pela injustiça. Não quero ser um Calimero. Mas não me sinto mais do que um actor secundário. Qual quê? Um figurante. Passo despercebido na multidão de pessoas que vagueiam na Via de Corso. Sou um figurante em mais um filme desta antiga Roma. (draft on friday).

O fim-de-semana foi pacífico e envolvente. Senti-me anestesiado perante o que aí vinha. Não posso meter a cabeça na areia. Não posso tapar o Sol com a peneira. Estive em paz. Estivemos em paz. Como se não nos tratássemos das mesmas pessoas.

Ontem, véspera de feriado, namorámos, passeámos, rimos, estivemos em comunhão aparente. Aparente digo eu. Tapo o Sol com a peneira. Enfio a cabeça na areia.

Hoje, dia do trabalhador. O pequeno-almoço, o último pequeno almoço, de papas de aveia e abacaxi por mim cortado. O ciclo de vida teve o seu final. Tudo tem. Tirei a cabeça da areia. Confrontei-me com a ficção que fui vivendo. That´s all Folks.


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