A privação da nossa liberdade deverá fazer-nos recordar o quanto devemos estar gratos pela a usufruirmos. Mas aquilo que assumimos como adquirido rapidamente se esfuma. De facto, nada deve ser dado como garantido. A última vez que aqui escrevi estava muito longe de pensar que seriamos obrigados a recolher-nos nas nossas grutas. Tudo aquilo que dávamos como adquirido foi-nos retirado. E se pensarmos nas crianças, adolescentes e jovens adultos, esses estão a ser castrados socialmente. Foram presos e não fizeram mal a ninguém, Claro que é tudo por um bem maior, por um bem colectivo. Mas não é disso que se trata este texto. Esta pandemia vai muito para além do vírus bruto, parafraseando um amigo realizador do Reino dos Algarves, está delapidar-nos social e economicamente. O balde de água fria ainda está longe de nos acordar deste marasmo a que estamos sujeitos. E o que dizer do desastre ambiental. São milhões de luvas, máscaras, batas, plásticos, EPIS, seringas... Um desastre que ninguém ainda se lembrou muito de explorar. No nosso pequeno mundo julgo que metade dos restaurantes, um dos pilares básicos da nossa frágil e primitiva economia, ficarão por abrir. Diversão nocturna extinta. Músicos, actores etc a dedicarem-se à plantação de batatas. A crise instalada não é só sanitária. Estamos a viver História. Eu dispensava esta parte da História. A última pandemia a sério de que me recordo foi a Pneumónica da qual ainda me recordo das minhas avós, nascidas em 1900 e 1901, me falarem. Eram aos milhares de mortos. Da mesma forma que começou acabou. Um vírus parvo. Este não sei será assim tão parvo. Não me apetece escrever mais. Estou a ouvir um vinil de Slipknot. Be Safe.